Crescimento do mercado de entregas no Brasil em tempos de pandemia
No início deste ano, nos idos de Março, muitas notícias referentes ao crescimento do setor de entregas divulgavam os recordes que o setor vinha conquistando, especialmente, guindados pela pandemia da Covid-19.
De acordo com um levantamento realizado por consultoria especializada, o número de instalações de aplicativos dessa categoria, do dia 1 de Janeiro deste ano à 16 de Março, representou 61,7% de todos os downloads desses mesmo apps em todo 2019.
Apenas no dia 6 de Março, quando o Ministério da Saúde divulgou que o contágio via transmissão comunitária do coronavírus estava próximo, houve um aumento de 126% nos downloads desses aplicativos, em contraste com o mesmo período de 2019.
Um exemplo deste crescimento vem do estado de São Paulo. Os paulistanos aumentaram o uso de apps de delivery durante a quarentena. Houve um crescimento de 700% em instalações de aplicativos dessa categoria e de 234% em suas utilizações (eventos in-app) em São Paulo, segundo análise especializada. O levantamento foi feito entre os dias 2 de fevereiro e 25 de abril deste ano.
Em maio, o total de transações de vale-refeição e vale-alimentação em plataformas de e-commerce aumentou 4,5 vezes em relação à média observada no primeiro trimestre de 2020, o que mostra um crescimento muito forte do e-commerce e delivery como forma de resposta à crise.
Além do desenvolvimento do mercado de entregas rápidas, relacionado principalmente a gêneros alimentícios, outros setores têm experimentado grande crescimento com a crise. As farmácias, por exemplo, além de verem a demanda por entregas aumentarem, perceberam a preferência dos consumidores por mais produtos de higiene pessoal.
Segundo a Associação Brasileira das Redes de Farmácias (Abrafarma), entre fevereiro e março de 2020, as vendas de e-commerce subiram 85,36%. No acumulado de janeiro a abril, o crescimento foi de 72% em relação ao mesmo período de 2019.
Dois fatores foram determinantes para este aumento: a flexibilização da legislação para a venda de medicamentos controlados e o medo da exposição ao vírus. Para o presidente da Abrafarma, Sergio Mena Barreto, o setor teve um salto em poucos meses que era esperado em cinco anos. Até 2019, menos de 1% das vendas eram online. Agora, já é o dobro. Cerca de 80% das redes nem disponibilizavam essa forma de compra.
Crescimento anterior à pandemia
Segundo dados divulgados em Março de 2019 pela Associação Brasileira de Bares e restaurantes (ABRASEL), o mercado de delivery no Brasil movimentava cerca de R$ 11 Bilhões por ano, uma média mensal de quase R$ 1 bilhão.
Ainda, em nota, a ABRASEL afirmou que o grande impulso no setor pode ser explicado também pelas novas plataformas de delivery e pela capilaridade de operações, que facilitam a logística de acesso ao consumidor.
A instituição, ainda, destacou a facilidade que esses novos serviços de entrega oferecem a empreendedores que querem iniciar seu próprio negócio. Segundo a associação, através de apps de entregas é possível criar uma empresa de lanches rápidos, por exemplo, sem a necessidade de ter um ponto de atendimento fixo ao cliente.
Contudo, o crescimento do setor não se resume a 2020 e a potencialização ocasionada pela pandemia do novo coronavírus. Segundo dados da revista Época, por exemplo, datados de 2018, o setor de home delivery faturou impressionantes 182 bilhões de dólares no ano, a nível mundial.
Além disso, outros dados recentes corroboram a atratividade do setor de entregas rápidas, como, por exemplo, os informes divulgados pelo Instituito Foodservice Brasil que registrou, entre 2017 e 2018, um aumento de 23% nos pedidos de comida no país.
Grande parte do crescimento desse importante setor econômico deu-se na esteira do desenvolvimento do comércio eletrônico brasileiro – e-commerce – que, somente em 2019, faturou R$ 61,9 bilhões, crescimento de 16,3% ante 2018.
Ademais, dados do setor de entregas rápidas do Brasil, especialmente, aquelas relacionadas com alimentação, demonstram o vertiginoso crescimento do setor que entre novembro de 2018 e novembro de 2019, registrou mais de 26 de milhões de pedidos mensais, relacionados, somente, ao maior app do gênero no país.
Certamente, a pandemia da Covid-19 alterará diversos mercados, hábitos de consumo e organizações, como, até o presente momento, têm-se verificado. Diante disso, quais seriam as inovações que o setor de entregas tem desenvolvido? Certamente, o próximo ano nos reserva algumas novidades.